Atabaques
O som é a primeira relação com o mundo, desde o ventre materno. Abre canais de comunicação que facilitam o tratamento. Além de atingir os movimentos mais primitivos, a música atua como elemento ordenador, que organiza a pessoa internamente.
A História dos Tambores
Os tambores começaram a aparecer pelas escavações arqueológicas do período neolítico. Um tambor encontrado na escavação na Morávia foi datado de 6.000 anos antes de Cristo. Tambores têm sido encontrados na antiga Suméria com a idade de 3.000 a.C. Na Mesopotâmia foram encontrados pequenos tambores datados de 3.000 a.C. Tambores com peles esticadas foram descobertos dentre os artefatos egípcios, a 4.000 a.C. Os primeiros tambores provavelmente consistiam em um pedaço de tronco de árvore oco. Estes troncos eram cobertos nas bordas com peles de alguns répteis, e eram percutidos com as mãos, começou-se a usar peles mais resistentes e apareceram as primeiras baquetas. O tambor com duas peles veio mais tarde, assim como a variedade de tamanho.
O Atabaque é de origem árabe e foi introduzido na África por mercadores que entravam no continente através dos países do norte, como o Egito.
Atabaques ou Ilus
São três os atabaques em um terreiro, Rum, Rumpi e Lê, sendo o Rum o atabaque maior com som mais grave, é o atabaque responsável em puxar o toque do ponto que está sendo cantado, no Rum ficaria os Alabê, Ogâ, ou Ogâ de Sala, como é conhecido por todos, seria o Ogâ responsável pelos toques.
O Rumpi seria o segundo atabaque maior, tendo como importância responder ao atabaque Rum, e o Lê seria o terceiro atabaque onde fica o Ogâ que está iniciando ou aprendiz que acompanha o Rumpi. O Rum também é responsável para dobrar ou repicar o toque para que não fique um toque repetitivo.
Os três atabaques que fazem soar o toque durante o ritual também são responsáveis pela convocação dos deuses.
Além dos atabaques, algumas casas usam também o agogô e o xequerê.
Os Atabaques são instrumentos de grande importância dentro da casa, pois, são os segundos assentamentos mais importantes da casa, por isso devemos respeitá-los como se fossem ORIXÁS.
Cada um é dado a um Orixá (ou caboclo) variando de casa pra casa.
É geralmente feito de madeira de lei como o jacarandá, cedro ou mogno cortado em ripas largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que, de baixo para cima dão ao instrumento uma forma cônico-cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são colocadas "travas" que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado por um sistema de cravelhos para os Nagôs e os Gegês, e por cunhas de madeira para os tambores Ngomas, nos Congos e Angolas.
O couro também merece cuidados, se passa dendê ou azeite e deixa se no sol para que o couro fique mais esticado, e possa produzir um som melhor no atabaque.
Cada atabaque tem suas obrigações a serem feitas, pois o atabaque representa um orixá. Ele recebe um ritual equivalente ao feito pelo filho de santo daquele Orixá à que é consagrado.
Caso precise ser retirado do terreiro para manutenção, deve ser levado pelo ogâ até o altar, ao ariaxé e aos quatro cantos do terreiro antes de sair d mesmo.
Tais instrumentos possuem um papel essencial nas cerimônias. Eles servem para manter o ambiente sob uma vibração homogênea e fazer com que todos os médiuns permaneçam em vibração.
Somente o Alabê e seus auxiliares, que tiveram uma iniciação, têm o direito de tocá-los. Nos dias de festa, os atabaques podem ser envolvidos com tiras de pano, nas cores do Orixá evocado. Durante a cerimônia, eles saúdam com um ritmo especial, a chegada dos membros mais importantes da Umbanda e estes vem se curvar e tocar respeitosamente o chão, durante uma cerimônia, em frente aos atabaques, antes mesmo de saudar o Pai ou a Mãe de Santo do terreiro.
No caso em que um desses atabaques seja derrubado ou venha a cair no chão durante uma cerimônia, esta é interrompida por alguns instantes, em sinal de contrição.
Tocadores de Atabaque
Um Ogâ seria como um tatá da casa na maioria das vezes seu conhecimento é quase superior a um Zelador de Santo, para ser um Ogâ não basta saber tocar e sim saber o fundamento da casa, saber o canto na hora certa, é de grande importância em um terreiro.
Existem também outros tipos de componentes que se usa junto com os atabaques, por exemplo, o agogô, chocalho, triângulo, pandeiro, etc. Existe também o Abatá, que seria um tambor, com os dois lados com couro, que se usa muito no Rio Grande do Sul, e na nação Tambor de Mina. Runtó (Geralmente um Cargo Masculino dos Candomblés Gegê e Mina).
Ogâ antes de tudo é ser responsável e sério dentro do ritual, sem brincadeiras atrás do atabaque, cumprindo suas obrigações como Ogâ da casa, seguindo os fundamentos da casa com extrema seriedade e atenção, procurando sempre aprender mais e aperfeiçoar os toques e os pontos, sabendo a hora certa de usar.
Além disso, os Ogâs devem estar sempre de roupas brancas, e com suas guias.
O Ogâ é deve estar atento ao chefe de gira antes de sua incorporação depois dela deve estar atento a tudo e a todos, pois ele é o único que fica conciente o ritual inteiro, o Ogâ que esta no Rum puxa os pontos os demais devem acompanhar para que a energia da gira não seja quebrada.
Após o chefe de gira incorporar os Ogâs devem segurar a gira pra que sua vibração não caia.
Alabê é o chefe dos demais Ogans do terreiro é o Ogâ que não tem incorporação devendo se dedicar somente em função dos atabaques quando assentado fica no mesmo grau de um médium feito.
Quando um terreiro não possui um Alabê, é dado a o Ogâ com mais tempo de Atabaque e mais experiente o cargo de Ogâ de Rum sendo assim ele assume os atabaques.
Toques
São, ao todo, mais de quinze toques (ritmos) diferentes. Cada Casa de Santo tem até 500 cânticos. Segundo a fé dos praticantes, os versos e as frases rítmicas, repetidos incansavelmente, têm o poder de "captar" o mundo sobrenatural. Essa música sagrada só sai dos terreiros na época do carnaval, levada por grupos e blocos de rua, principalmente em Salvador, como Olodum ou Filhos de Gandhi.
Na Angola existem vários tipos de toques, onde cada toque é destinado a um Orixá, por exemplo, Congo de Ouro, Angolão que seria destinado a Oxossi, Igexá que seria destinado a Oxum, etc. O mesmo acontece com ketu, que se toca com varinha de goiabeira ou bambu, chamadas aguidavi.
Existem vários fatores que definem os toques dos pontos. Um dos mais importantes é o ritmo em si; Cada toque possui um balanço, um ritmo característico que os tornam diferentes dos outros (por exemplo, Ijexá e barra-vento, são bem diferentes). Quando um Ogâ ouve um ponto novo, ele tende a encaixar, entre os toques que ele conhece, o que melhor vai se adaptar àquela melodia que está sendo cantada.
Por isso é interessante conhecer várias batidas diferentes, assim como muitos pontos diferentes, pois aumentam as "cartas na manga" do Ogâ.
Existe uma relação entre o toque e o Orixá:
Oxalá
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Toque Ijexá, Kabula, Bate folha.
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Ogum, Xangô, Oxossi, Omulu
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Ijexá, Congo de ouro, Barra vento, Muxikongo, Kabula.
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Logum
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Ijexá, Barra vento.
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Ossãe
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Kabula, Congo, Barra vento, Sambangola.
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Oxumaré
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Ijexá, Congo, Kabula.
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Tempo
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Ijexá, congo de ouro, Kabula, Barra vento.
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Iansã
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Congo de Ouro, Barra Vento, Agerrê, Kabula, Ijexá.
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Oxum
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Ijexá (maioria), Kabula, Congo.
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Iemanjá
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Ijexá, Kabula.
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Nanã
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Congo, Kabula, Ijexá.
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A variação dos toques depende de vários fatores. Basicamente não existe um toque amarrado aquele Orixá, depende de quem compõe o ponto.
Toques Mais conhecidos:
· Adarrum
· Aguerre
· Alujá
· Angolão
· Apaninjé
· Arrebate
· Barra Vento
· Bravum
· Cabula
· Congo caboclo
· Congo de Ouro
· Congo Nagô
· Ijexá
· Ika
· Ilú
· Olorum
· Quebra Prato
· Rufo
· Samba Cabula
· São Bento
· Sato
· Vaninha
O uso do tambor Batá, utilizado por Xangô na África, perdeu-se no Brasil, mas foi mantido em Cuba. Os ritmos chamados de Batá são ainda conhecidos por este nome na Bahia. Acontece o mesmo com o ritmo denominado Igbin, dedicado a Oxalá, que na África é batido sobre tambores que levam o mesmo nome. Outros ritmos como, por exemplo, o Igexá, são tocados em certos terreiros sobre os Ilús, pequenos tambores cilíndricos com duas peles ligadas uma à outra, durante os cultos de Oxum, Ogum, Oxalá e Logum Edé.
Existem muitos toques espalhados pelo Brasil e pelo mundo, os citados acima são os mais conhecidos e usados no Brasil.