Omoolú
Omoolú
OBALUAÊ (REI DONO DA TERRA)
OMULÚ (FILHO DO SENHOR)
Distinguiu-se aqui Obaluaê e Omulú, da seguinte forma: Obaluaê representa a força jovem, o
início da vida; Omulú representa a força velha, ou seja, cansada pela vida.
O verdadeiro nome de Obaluaê ou Omulú é Xaponã ou Sakpatá, mas dentro do culto não se
pronuncia tal nome, pois provoca a ira do Orixá.
Deus da varíola e das doenças contagiosas, este Orixá pune seus filhos sem piedade.
Todos os anos é realizado o Olubajé, no qual o Orixá presencia a cerimônia dançando, enquanto
os filhos comem suas oferendas.
PERSONALIDADE: Masoquistas, vivem em movimento quando estão tranqüilos ou tristes, inteligentes,
ajudam àqueles que vão ao seu encontro, rancorosos e temperamentais.
METAL: Ferro ou chumbo
DIA: Segunda-feira
COR: Todas
ANIMAIS: Porco, galo e bode.
PAÓ: 5 batidas de palma acima, 5 abaixo e as 3 de reverência, seguindo-se o adobale.
FILIAÇÃO: Oxalá e Nanã.
SAUDAÇÃO: “Atoto (para Obaluaê)” e “Ajuberu (para Omulú)”.
OBS: Omulú traz vestimentas especiais, como o corpo coberto de palha e roupas estampadas. Traz na
mão direita um objeto denominado xaxará.
Obaluaiê ou Omolu (os nomes se referem a fases míticas, onde o mesmo deus seria mais jovem ou
mais velho), é o energia que rege as pestes como a varíola, sarampo, catapora e outras doenças de
pele. Ele representa o ponto de contato do homem (físico) com o mundo (a terra). A interface pele/ar.
A aparência das coisas estranhas e a relação com elas. Ele também rege as doenças transmissíveis em
geral. No aspecto positivo, ele rege a cura, através da morte e do renascimento.
Diz o mito que Obaluiaê é filho de Nana (a lama primordial de que foram feitas as cabeças - orishumanas)
e Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por
ambos, já que Nana seduziu Oxalá mesmo sabendo que lhe era interditado por ser ele o marido de
Iemanjá.
Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar, para que a
maré cheia o levasse. Iemanjá o encontrou quase morto e muito mordido pelos peixes, e tendo ficado
com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. No entanto Obaluaiê ficou marcado por cicatrizes
em todo o corpo, e eram tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas.
Não se via de Obaluaiê senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido. Aprendeu com Iemanjá
e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Obaluaiê, sempre coberto por palhas,
escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que
lhe dessem comida e água. Mas as pessoas, assustadas com o homem coberto desde a cabeça com
palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada.
Obaluaiê, triste e angustiado saiu do povoado e continuou pelos arredores, observando as pessoas.
Durante este tempo os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis,
as crianças cheias de varíola, os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha
amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.
Ainda com fome e sede, Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na
aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens o alimentaram e lhe deram de beber,
rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que jamais negassem alimento e água a
quem quer fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu seu caminho.
Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem entrando
numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. Neste momento Iansã, a deusa
dos ventos, o viu nesta situação e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um
belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade E dançou com ele pela noite
adentro. A partir deste dia, Obaluaiê e Iansã-Balé se uniram contra o poder da morte, das doenças e
dos espíritos dos mortos, evitando desgraças aconteçam aos homens.
Os iorubas acreditam que este mito nos mostra que o mal existe, que ele pode ser curado, mas
principalmente que é preciso ter consciência do momento em que ele terminou, sabendo recomeçar
após um violento sofrimento.
Obaluaiê rege também a força da terra (herdado de sua filiação a Nanã). A umidade dela (por suas
adoção por Iemanjá) e as doenças das plantações.
Numero: 13
Cor: preto, vermelho e branco
Símbolo: xaxará (um tubo de palha trançada com sementes mágicas e segredos dentro)
Dia da semana: segunda-feira
Comida: pipoca
Saudação: Atotô!
OBALUAIÊ ( "rei", "senhor da terra")
Deus originário do Daomé. Obaluaiê é uma flexão dos termos Obá (rei) - Oluwô (senhor) - Ayiê (terra),
"rei, senhor da terra". Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) - Oluwô (senhor) que
quer dizer "filho e senhor". Obaluaiê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu, o mais
velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência e influência, significam a
mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza.
Obaluaiê é o sol, a quentura e o calor do astro rei, é o senhor das pestes, das doenças contagiosas ou
não. É o rei da terra, do interior da terra, e é o orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da Costa),
porque para os humanos é proibido ver o seu rosto devido à deformação feita pela doença, e pelo
respeito que devemos a esse poderosíssimo orixá. Está no funcionamento do organismo, na dor que
sentimos pelo mau funcionamento dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. A ele
devemos a nossa saúde. Trata do interior, mas cuida também da pele e de suas moléstias.
Divide com Oia-Iansã a regência dos cemitérios, pois é o orixá que vem como emissário de Oxalá
(princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho,
servir de guia para aquele espírito. Obaluaiê também é o senhor da terra e das camadas do seu
interior, para onde vamos todos nós. Daí sua ligação com os mortos, pois é ele quem vai cuidar do
corpo sem vida. Também conhecido como Xapanã.
Obaluaiê está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está
presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus
efeitos. Rege aquele que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes. Está
presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas, sempre próximo aos leitos. Rege os
mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença, mas principalmente a cura, a saúde. É o
orixá da misericórdia. Rege a má digestão, a congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos.
Filho de Nanã, que o abandonou por ser doente, foi criado por Iemanjá. Orixá fundamentalmente Jeje,
mas louvado em todas as nações por sua importância. Conta-se que, abandonado por Nanã, foi
cuidado por Iemanjá que o alimentava com pipoca sem sal acrescida de mel para melhorar o gosto, e
passava azeite de dendê em suas feridas para aliviar a dor e coceira.
OMOLÚ- OBALUAIYÉ
OBA + OLU + AIYE = OBALUAIYE
REI + SENHOR + MUNDO = REI E SENHOR DO MUNDO
OMO + OLU = OMOLU
FILHO + SENHOR = FILHO DO SENHOR
Orixás consagrados na África, onde há grandes endemias e epidemias. São Deuses da desintegração,
mostram as faces da existência e a vida, dizendo que todos nós temos princípio, meio e fim, daí a sua
dança no OPANIJÉ mostrando o céu e a terra. Aqui, no Brasil, Omolu/Obaluae são velhos e decrépitos,
contrapondo-se a concepção africana. Esses Orixás representam a transformação, estão ligados ao sol,
ao acaso, a noite e o dia, ao princípio e o fim, ao movimento de rotação e translação da Terra e estão
associados as endemias e epidemias.
Tem como companheiros inseparáveis Ogún e Exú devendo por isso ser cultuado em lugar destinado a
Exu, fato este que explica também ser sua morada as encruzilhadas.
As doenças como: desinteria constante, infecção estomacal, perda vertiginosa dos cabelos, vômitos,
erisipela, pústulas, furúnculos, escorbuto, inchaços, alguns problemas circulatórios, coceiras, sarampo,
catapora, rubéola, lepra, coqueluche e alergias em geral são associadas a Omulu/Obaluaê.
Coberto dos pés a cabeça, para esconder sua aparência esquálida e ferida, Omulu inspira medo em
quem o vê. Uma espécie de varíola e das doenças e epidemias. Fechando e circunspecto, vive curvado
por dores e tremores de febre. Usa como arma o Xaxará, um cetro adornado em contas e búzios que
serve como captador de energias negativas. Limpando almas e ambientes.
Os raros filhos de Omulu são tensos, sábios e tristes. Costumam ser consultados para decisões
importantes e, não raro, vivem solitários. Ocupam importantes cargos públicos e burocráticos, mas
sentem que o bom humor não é seu forte. Omulu come pipoca, feijão preto, milho e farofa com dendê,
servido em folhas de mamona ou bananeira. Apesar de intimamente ligado à morte, Omulu cura
doenças, pois anda abarrotado de cabaças medicinais.
O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas de sementes existentes dentro da fruta do
Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas. Usa também bradga, um colar longo de cauris. Obaluaê é o
patrono dos cauris e do conjunto de 16 búzios, que reina do instrumento ao sistema oracular: o
brendilogun, que lhe pertence.
Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem. Oculta sob o saiote o
mistério da morte e do renascimento (o mistério do gênesis). Ele é a própria terra que recebe nossos
corpos para que vire pó.
Obaluaê mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele
como o Orixá da moléstia.
A SUA FESTA “OLUBAJE”
Diz a lenda que no princípio do mundo houve uma grandiosa festa em que todos os Orixás se fizeram
representar com toda a sua corte, tudo engalanado muita alegria e muita gente presente ao evento. O
candomblé prosseguia com muita empolgação e quando chegou dentro do XIRE a hora de louvar a
grande Yaba Nana Buruque do meio do povo saiu um Orixá, um Vodu que caminhava todo tortinho e
com dificuldade, entrou no barracão e com aquele jeito todo esquisito e foi dançar para sua Mãe Nana,
acontece que por ser alejado, deformado seus passos eram trôpegos.
Originando daí por parte dos outros Orixás uma verdadeira Xoxação criando o ridículo para aquele
Orixá que acabara de chegar. Triste ele acabou de dançar para sua mãe e magoado com aquela falta
de respeito e ele, antes de se retirar passou a mão em todas as suas chagas, soprou para cima de
todos eles a varíola contagiante que deixou os Orixás naquele instante doentes e o candomblé acabou,
e uma verdadeira praga foi disseminada e em todo o mundo principalmente em cima de quem
compartilhou daquelas ofensas.
Os Orixás em desespero foram procurar YFÁ o Deus da adivinhação para que os orientassem sobre o
que fazer para acabar com aquela epidemia, Yfá jogou o seu Opele Yfá e respondeu a eles que eles
tinham agravado seriamente XAPANÃ, aquele velhinho que tinha sido Xoxado naquele candomblé,
quando resolveu dançar para sua Mãe Nana, e por isso eles estavam sendo seriamente castigados. E
disse mais que eles deveriam fazer uma romaria à casa de Xapanã com todas as suas comidas votivas
em suas cabeças e em círculo em volta de sua casa fossem depositando e entre cânticos e rezas,
pedissem perdão a Xapanã.
Xangô não levou Amalá, porém como era o dono de todos os Cauris (búzios) deu-os de presente a
Xapanã tornando-o rico muito rico e assim ele pedira também perdão a Xapanã.
Os Orixás à medida que iam arriando as comidas votivas cantavam “OBUBAJE AJE- UMBO AYE
AJEUMBO” todos em fila e Xapanã emocionado pegou suas flores o “deburu” e jogou em cima deles
cantando a seguinte cantiga XAXARÁ BALEFUN AWO BALE BALE e na medida em que iam caindo as
flores D’Omolu em seus corpos as suas chagas e varíolas iam sumindo ficando bons totalmente.
Essa e a história da festa linda D’obaluaê que traz em seu bojo o ensinamento de que não devemos
debochar de ninguém.
Por uma questão de sincretismo, no Brasil esta obrigação normalmente é realizada nos meses de
agosto, ocasião que vemos nas ruas as Yaos com seus tabuleiros na cabeça, visitando sete casas na
chamada peregrinação até o dia do candomblé em suas casas.
QUALIDADES
KETÚ:
JAGUN:
Quando vem ao barracão, é Oxaguiã quem o traz.
AJAGUN:
Essa qualidade é trazida ao barracão pelo Oxalufã.
AYERAN:
Sai, no barracão, com uma seta na mão esquerda e o Xaxará na mão direita.
INTOTO:
Ligado a gameleira e aos antepassados, seu assentamento é feito no barro.
ALAPAFUMO:
Encontra-se, seu culto, em extinção, seu deburu é feito na terra e depois amassado.
ARAWE:
Só come galos brancos.
AJASE:
Associado a Ogún e Oya, é guerreiro e usa dois xaxarás.
SAPEKO:
Veste-se de vermelho – palha da costa tinturada com osun ou urucum, calçolão ornado em
búzios.
AJUNSUN:
Associado a Oxumaré e Orinsanlá, só come orogbo e no cuscuzeiro tem 7 setas e 2 cobras
amarradas ao okutá.
WARU-WARU:
Velho.
AFOMAN:
Nem sempre é reconhecido como qualidade.
AKAVAN:
Relacionados ao cemitério – culto em extinção.
JEJE:
SAKPATA:
Saí, no barracão, com o KUMON (haste feita de bambu, ornada com búzios, crânio humano,
untado com cera de abelha e palha da costa). Tem dois assentamentos, um é enterrado em frente a
casa de Exu envolto em pano preto e vermelho, a cada 7 anos é renovado. Come ao meio dia, em céu
aberto, além de quadrúpedes, come também camaleão com crista.
AWIMAJE:
Quando saí no barracão, usa um Xaxará, como o desenho descreve:
AZOANI:
Duas cabacinhas e 41 búzios no assentamento.
BOZORAN:
Acompanha Nana e Oxumaré.
POSU (BOSUKO):
Usa máscara leonina e garras de bambu.
ANGOLA:
KAFUNJENESU:
KAFUNJE:
KAFUNJINÃ:
BURUGUNÇO:
EKITATI:
KAVIUNGO:
KANJANJA:
COR:
preto (preto/branco), vermelho (marrom/vermelho), branco (vermelho caboclo).
COMIDA:
-dogburu (para Sakpatá é no dendê).
-Eko branco.
-Acaçá.
-Obi funfun.
-Aberen.
-Abará.
-Acarajé.
-Farofa de ori.
-Latipá (folha de: mostrada, língua de vaca, espinafre, caruru, bredo St° Antonio, acrescentar: dendê,
camarão seco e cebola ralada).
-Miolo de boi com camarão seco e cebola ralada.
-Mocotó.
-Egbo.
DIA DA SEMANA:
Segunda-feira.
DATA:
13 ou 16 de agosto.
FRUTAS:
abacaxi, fruta-de-conde, graviola, abacate, gengibre.
FOLHAS:
Dandá da costa
Canela de macaco
Raiz de santa
Folha de cambará
Cordão de frade
Vassourinha de relógio
Saco-saco
Mal-me-quer-bravo
Alfavaquinha
Folha de batata
Crista de galo
Folha de São Roque
Carrapicho de boi
Taioba
Canela de velho
Mil homens
BEBIDAS:
Aluá, água.
ILEKÉ:
Lagidibá (pode ser entremeado com terracota ou coral).
METAL:
Ferro/bronze.
PARTE DO CORPO:
A pele e os pulmões.
SÍMBOLO:
-Aso Iko (Aze).
-Xaxará (talos do dendezeiro, contas, palha da costa e couro).
-Oko (lanças com setas).
-Búzios.
-Xaworo.
-Igba.
SACERDOTE:
ASEGBA:
Senhor do Igba (cargo masculino)
ASOGBA:
Cargo no Ile Axé Opo Afonjá.
ASOGBANILE:
Concertador de cabaças.
APOTUN:
Zelador de Omolu, somente nos terreiros de Omolu.
APOGAN:
idem.
CARGOS:
Qualquer um, menos os relacionados a Xangô.
TOQUE:
Opanijé (mata-come)
PRINCIPAL CERIMÔNIA:
OLUBAJÉ: Comidas na folha de mamona ou couve
KOLEODO:
Folhas de trepadeira maceradas, no pilão, com epo pipa, são passadas no corpo da pessoa
ao meio dia.
SAUDAÇÃO: A TO TO
A TO TO (pedido de silêncio)
Xapanã nasceu em Empê, no território Tapá, também chamado, Nupê.
Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo.
Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos
combates mutilados ou morriam de peste.
Assim, chegou Xapanã em território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú
e Dassa Zumê.
Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados,
consultaram um adivinho. E assim ele falou: "Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se
tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o
aceitar, ele o destruirá!
É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele
goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita,
muita pipoca!
Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o
povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!"
Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa Zumê
reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no:
"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!"
"Respeito e Submissão!"
Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: "Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas
viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para
mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!"
Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não
voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.
Xapanã é considerado o deus da varíola e das doenças contagiosas. Ele tem também o poder de curar.
As doenças contagiosas são, na realidade, punições aplicadas àqueles que o ofenderam ou conduziramse
mal. Seu verdadeiro nome é perigoso demais pronunciar. Por prudência, é preferível chamá-lo
Obaluaê, o "Rei, Senhor da Terra" ou Omulú, o "Filho do Senhor".
Quando Xapanã instalou-se entre os Mahis recebeu, em uma nova terra, o nome de Sapatá. Aí,
também, era preferível chamá-lo Ainon, o "Senhor da Terra", ou, então, Jeholú, o "Senhor das
pérolas".
O fato de ser chamado Jeholú e Ainon causou mal-entendidos entre Sapatá e os reis do Daomé, pois
eles também usavam estes títulos.
Enciumados, os Jeholú de Abomey expulsaram, várias vezes, Jeholú Ainon do Daomé e obrigaram-no a
voltar momentaneamente, à terra dos Mahis.
Jeholú Ainon vingou-se: vários reis daomeanos morreram de varíola!
Atotô!
ARQUÉTIPO
O arquétipo de Obaluaê é das pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus
sofrimentos e as tristezas das quais tiram uma satisfação íntima. Pessoas que são incapazes de se
sentirem satisfeitas quando a vida lhes corre tranquila. Podem atingir situações materiais invejáveis e
rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. Pessoas que
em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa
abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.
ESSABAS:
Taioba - Bala
Capeba - Já
Folha da costa
Canela de velho
Picão
Erva de bicho
Velame
Manjericão Roxo
Barba de velho
Umbaúba
Carqueja
Jurubeba
Parietária - brotozinho –
Monam
Cajá – Jamin
Mutamba – Aferé
Rama de leite – Obó
Ovo redondo de Monan –
Exibatá
Jarrinha – Jacomijé
Erva de passarinho – Afaziam
Folha de neve branca – Turim
Mariazinha – Peculé
Papinho de peru – Tolu-tolu
OMOLU
AGAPANTO; ALAMANDA; AGONIADA; ALFAZEMA DE CABOCLO;
ALFAVACA ROXA; ALUMÃ; ASSA-PEIXE; JENIPAPO; MOLOLÔ; MUSGO;
QUITOCO; RABUJO; SABUGUEIRO; SETE SANGRIAS; PAINEIRA;
MAMONA; MANJERONA; CANELA DE VELHO; CAFÉ DO MATO; CANENA
COIRANA; CAROBINHA DO CAMPO; CAPIXINGUI; CEBOLA DO MATO;
CIPÓ CHUMBO; ERVA MOURA; CORDÃO DE FRADE; CORDÃO DE SÃO
FRANCISCO; ERVA DE PASSARINHO; ESPINHEIRA SANTA; VELAME;
HORTELÃ BRAVA; GUARAREMA; GERVÃO ROXO; CRIZANTEMO; BABA DE
BOI; BABOSA; BELDROEGA VERMELHA; BOMINA;
OMULU (OMBALUAIE)
Locais de
maior vibração
dos orixás
grutas, praias, cemitérios
As cores e
flores que são
regidas pelos
orixás:
Vermelha (Cravos)
As bebidas que
são regidas
pelos orixás:
Água de arroz
Frutos e Frutas Abacaxi.
Algumas das
comidas mais
comuns
oferecidas aos
Orixás:
Milho de pipoca estourado (flores), com fatias de coco com mel.
Mencionaremos
aqui as ervas
mais
conhecidas no
Rio de Janeiro:
Canela Velho , Barba de Velho, Cinco Chagas, Cordão de Frade (São
Francisco).
Os Orixás
normalmente
trazem em
seus filhos
suas
características
físicas e de
caráter. Assim
podemos dizer
que os filhos
de:
São pessoas reservadas, até um certo ponto pessimistas, batalhadores,
mentalidade autodestrutiva, na maioria de vezes trazem pequenos defeitos
físicos quase não percebidos.
Os Orixás têm
suas
preferências
também
quanto aos
metais. O ferro.
Calendário
Festivo da
Umbanda 17 de dezembro.
QUALIDADES DE OBALUAIÊ:
1. Jagun Agbagba (ligação com Oyá)
2. Omolu
3. Obaluayie
4. Soponna/Sapata/Sakpatá
5. Afoman/Akavan/Kavungo (ligação com Exú)
afomo; contagiante,infeccioso
6. Savalu/Sapekó (ligação com Nana)
7. Dasa
8. Arinwarun (wariwaru) título de xapanan
9. Azonsu/Ajansu/Ajunsu (ligação com Oxalá,
Oxumare)
10. Azoani (ligação com Yemanjá e Oyá)
11. Posun/Posuru
12. Agoro
13. Tetu/Etetu
14. Topodun
15. Paru
16. Arawe/Arapaná(ligação com oyá)
17. Ajoji/Ajagun (ligação com Ogun, Oxagian)
18. Avimaje/Ajiuziun (ligação com Nana,
Ossain)
19. Ahoye
20. Aruaje
21. Ahosuji/Segí (Ligação com Yemanjá,
Oxumare/Besén)
LENDA DE OMULÚ:
Um dia, em que todos os Orixás reunidos no palácio de Obatalá dançavam e se divertiam,
Omulú tentou imita-los. Mas este Orixá é coxo, e devido à sua enfermidade, tropeçou e caiu. Deuses e
Deusas romperam em ruidosa gargalhada.
Furioso, Omulú jurou vingar-se e tentou infestar a todos os Deuses com a varíola. Interveio
Obatalá que, de espada em punho, deitou Omulú à porta do palácio e proibiu-lhe, dali por diante, de
estar junto com os outros Deuses.
LENDA DE OBALUAYE – OMULU
Nanan, esposa de Orixalá, gerou e deu à luz a um filho. Sua criação não foi perfeita, nascendo
uma criança doente, com muitas chagas recobrindo seu pequeno corpo. Ela não conseguia imaginar
que maldição era aquela, que trouxe de suas entranhas uma criatura tão infeliz!
Sentindo-se impossibilitada de cuidar daquela criança, pois mal conseguia olhar para ela,
resolveu deixá-la perto do mar. Se a morte a levasse seria melhor para todos.
Yemonjá, que estava saindo do mar, viu aquele pequeno ser deitado nas areias da praia. Ficou
olhando por algum tempo, para ver se havia alguém tomando conta dele, mas ninguém aparecia.
Então, a grande divindade das água foi ver o que estava acontecendo. Quando chegou mais perto,
pôde compreender que aquela criança tinha sido abandonada por estar gravemente enferma. Sentindo
uma imensa compaixão por aquela pobre criatura, não pensou em mais nada, a não ser em adotá-lo
como a um filho.
Com seu grande instinto maternal, Yemonjá dispensou a ele todo o carinho e os cuidados
necessários para livrá-lo da doença. Ela envolveu todo o corpo do menino com palhas, para que sua
pele pudesse respirar e, assim, fechar as chagas.
Obaluayê cresceu e continuou usando aquele tipo de roupa, e ninguém, a não ser sua querida
mãe, tinha visto seu rosto. Era um ser austero e misterioso, provocando olhares curiosos e assustados
de todos. Ninguém conseguia imaginar o que se escondia sob aquelas palhas.
Oyá, certa vez, o encarou, pedindo que descobrisse seu rosto, pois queria desvendar, de uma
vez por todas, aquele mistério. Obaluayê, sem lhe dar a menor atenção, negou-se a fazê-lo. Ela, que
nunca se deu por vencida, resolveu enfrentá-lo. Usando toda sua força, evocou o vento, fazendo voar
as palhas que o protegiam.
Quando a poeira assentou, Oyá pode ver um ser de uma beleza tão radiante, que só poderia ser
comparado ao sol. Nem mesmo ela, como orixá, conseguia erguer os olhos para ele. Assim, todos
entenderam que aquele mistério deveria continuar escondido.
Uma outra lenda nos mostra que esse poderoso orixá, em suas andanças pelo mundo, pode
presenciar o desenrolar de muitas guerras. Os povos que Olorun criou e deu vida brigavam por um
pedaço de terra. Muitas pessoas morriam, para que seus líderes pudessem conquistar extensões
maiores para seu reinado. Os limites, para esses guerreiros, eram insuperáveis, e as guerras não
tinham mais fim. Obaluayê não entendia o motivo destas guerras, já que Olorun havia criado a terra
para todos.
As lutas traziam muita dor e destruição, e ninguém mais sabia dar o devido valor à vida
humana. Os homens só pensavam em seus interesses materiais.
Obaluayê, indignado com essa situação, resolveu mostrar a eles que a vida é o maior tesouro
que alguém pode ter.
O poderoso orixá traçou, então, com seu cajado, um grande círculo no chão, no centro dos
conflitos. Colocou dentro dele todo tipo de doença existente. Todo guerreiro, que por ali passasse, iria
contrair algum tipo de doença.
De fato, foi o que aconteceu. Muitas pessoas adoeceram, inclusive os líderes dos exércitos. Só
isso conseguiu por fim às guerras.
As doenças se transformaram em epidemias, deixando populações inteiras à beira da morte.
Um babalawô revelou o mau presságio, pedindo a todos que refletissem sobre o que estava
acontecendo, por culpa deles próprios. Obaluayê havia mandado essas mazelas para a terra, a fim de
mostrar que, enquanto temos saúde e uma vida plena, não devemos nos preocupar excessivamente
com coisas materiais. Desta vida nada se leva, a não ser o conhecimento e a experiência que
acumulamos.
Assim, os que aceitaram esses desígnios e fizeram oferendas, conforme explicou o babalawô,
conseguiram livrar-se de suas enfermidades e restabelecer sua dignidade. Mas, infelizmente, nem
todos agiram assim.
Talvez, por isso, existam tantos povos africanos vivendo do mesmo jeito há milhares de anos,
tentando não se desligar da natureza.